Sofrendo de Alzheimer, Cicero – que Caetano descreve como seu melhor amigo – se submeteu a um procedimento de morte assistida na manhã desta quinta-feira (23) na Suíça. Caetano Veloso e Antonio Cicero, na posse do escritor na Academia Brasileira de Letras (ABL).
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Em carta, Caetano Veloso descreveu Antonio Cicero como seu melhor amigo e afirmou que a decisão do compositor e escritor de pôr fim à vida por contra própria 'enfatiza seu pensamento'.
Leia a íntegra da carta:
Ao acordar, fiquei sabendo de Antonio Cicero. Recebi mensagem dele, onde a coerência e a lucidez, que sempre foram características do meu amigo filósofo e poeta, impressionam, mas não desfazem a tristeza que sua ausência física me causa.
Cicero foi meu melhor amigo, a pessoa mais correta que conheci. O afeto de amizade mais límpido que se possa imaginar. E uma inteligência luminosa.
Marcelo, seu marido de tantos anos, deve entender minha tristeza e também meu orgulho pela coerência de Cicero. Sua irmã Marina pôs música em um poema seu e dali saiu um longo e brilhante repertório de canções. Ela também deve me entender.
Adoro o desaforado livro de filosofia em que Cicero louva Descartes em época pós-estruturalista. Morrer por decisão própria enfatiza seu pensamento. E sua poesia.
Quem foi Antonio Cicero
O escritor e poeta carioca morreu aos 79 anos. Ele sofria do mal de Alzheimer e se submeteu a um procedimento de morte assistida na Suíça.
Em carta, ele explica a decisão. "Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade", diz um trecho (leia a íntegra da carta aqui)
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Formado em Filosofia pela Universidade de Londres, Cicero consagrou-se com seus poemas e ensaios filosóficos. As obras ficaram famosas na voz de sua irmã, a cantora Marina Lima, como nas canções "Fullgás", "Para Começar" e "À Francesa".
Antonio Cicero, poeta e filósofo, morre aos 79 anos